quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Companheira Solidão

A solidão às vezes é mais companhia do que muitas companhias, é mais presença que muitas presenças e sua ausência provoca mais saudade do que muitos que se fazem presentes, caso partam. A solidão é necessária e profundamente agradável para quem sabe aproveitar sua companhia. Ela chega em momentos inoportunos, timidamente e vai ganhando espaço. Tornando-se necessária. Muitos a tratam como uma inimiga, como um mal a ser evitado a todo custo. Ela anda de mãos dadas com o espelho. Ela está dentro do espelho e o espelho está dentro dela. Eles se pertencem. São um casal de amantes apaixonados, ardendo em desejo.

Quem já não viu um quando o outro estava presente?
Fixe os olhos em um espelho e enquanto olha seu reflexo perceba a solidão profunda que é ser si mesmo. Ou então, na mais profunda solidão, sinta-a conduzir-te pela mão até uma sala de espelhos onde tudo que se pode fazer é olhar para si cada vez mais de perto, examinando os poros, a pele, o branco dos olhos, os dentes... Onde as imperfeições não vistas começam a se revelar. 

Buscamos fugir de um e de outro com máscaras. Mas a solidão tem o hábito de arrancá-las e trazer o eu a luz.
Solidão, por que és tão solitária?
Por que, pois, ser tão atroz? 
Por que tão companheira?
Por que tão medonha?


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