quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Incerteza

Vivemos cheios de certezas demais...

Temos todas as respostas...

Somos os tais...

Até que uma pergunta ou uma resposta diferente surja no repertório. Quando isso ocorre, a história muda. O chão firme torna-se areia movediça e cada movimento na busca de uma nova certeza culmina por sugar-nos para o fundo lentamente, instaurando o desespero e o vazio.

Na terra das incertezas não existe chão firme. Não existe dia ou noite, não existe claro nem escuro, céu ou inferno, bem ou mal, frio ou quente. Somente o morno... E o morno é intragável para quem só sabe engolir o quente e o frio. Quem não sabe, certamente vomitará.

Alguns dizem viver na incerteza, não tendo nada por certo. 
Hipócritas.
A própria incerteza se constitui em uma certeza para os tais, de modo que por mais crítico e racional que um indivíduo seja, não poderá viver senão pelas certezas. Ainda que se valha da "dúvida metódica", oferecerá a si mesmo respostas que lhe aplaquem a incerteza.

Viver na incerteza é impossível. Precisamos ter certeza. Certeza do que?
Certeza de que estamos certos?
De que somos melhores que os outros?
De que somos "boas pessoas"?

Precisamos ter certeza... Mas somente o precisamos porque somos torteza.
A torteza quer ser e estar certa.
A torteza quer tornar-se certeza.

Tanta luta, tanta angústia, tanto desespero simplesmente por afirmação.
Simplesmente porque existe fome. Fome de ser.

No final, tudo o que somos é torteza. Por mais firmes que sejam nossas certezas.
As tempestades revelam... As tempestades revelam o que é rocha e o que é areia.

O que é rocha o que é areia?

Rocha é certeza. Areia é incerteza.
Rocha é certeza. Areia é incerteza.

Do que se pode ter certeza?

Pelo menos de uma coisa:

Somos incertos. Somos torteza.
Torteza em busca de certeza.

Nenhum comentário:

Postar um comentário