segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Expectativas

Me defino como um realista esperançoso. Não sou alguém que busca se encher de expectativas. Vez ou outras elas surgem... No entanto, tenho descoberto que o caminho mais rápido para a decepção e frustração é a expectativa. Esperar algo, seja de alguém ou de alguma situação (incluindo a si mesmo) geralmente nos frustra.

Uma ligação que nunca vem. Uma sms que nunca chega. Um eu te amo que nunca é dito. Um olhar não correspondido. Emoção mendigada...

Os pedintes com as mãos e chapéus estendidos esperando receber algo.
"_ Um olhar por favor?
Tenho fome. Tenho fome de atenção. Fome de afeto. Fome de carinho. Fome de fome."

Mendigos. Somos um bando de mendigos pedindo algo. O olhar do outro que nos move, que nos instiga, que nos faz andar.

É impossível viver sem esperar algo. Impossível não mendigar o futuro. A esperança de um amanhã muitas vezes é o que nos permite suportar o hoje. Esperar é contar com o que ainda não veio. É lançar-se no abismo da incerteza.

Gosto muito dessa palavra, por falar nisso. Abismo. Um espaço de queda. Um espaço de perda de estabilidade. Um espaço que é aterrorizante por dois motivos: pela queda e pelo fundo. O que há no fundo do abismo? Isso é, se tiver fundo.

A queda é aterrorizante. O corpo perde os referenciais de apoio. A mente perde o foco de pensamento. O abismo acaba com o equilíbrio. Ele instaura o desespero. É exatamente isso que é assustador.

O que esperar de uma queda? O que esperar de um olhar? O que esperar de um texto ou livro lido? O que esperar de uma dádiva ofertada? O que esperar de um futuro incerto, de um passado que grita no presente e de um presente que teima em ser presente?

Queria não esperar. Cessar as expectativas. Mas não há como. Viver é esperar. Esperar é viver.


Nenhum comentário:

Postar um comentário