quinta-feira, 3 de julho de 2014

Eternidade Temporária

Muitas coisas são eternas. Há amizades eternas. Amores eternos. Sonhos eternos. Desejos eternos.
Muitas juras eternas são feitas na eternidade. "Há de ser eterno..."
Com o passar do tempo, o que era eterno sucumbe. Se desintegra. Se esfacela. Se quebra. Acaba.
Para onde foi a eternidade das coisas eternas?

Ela nunca existiu. Sua temporalidade foi encoberta por um tempo, mas ao se banhar em uma poça de realidade surgiu violentamente e com um grito de quem diz: Eis-me aqui!

Nossas eternidades não existem. São apenas temporalidade maquiada. São apenas uma criança calçando o par de sapatos dos pais e  fingindo ser adulta. É apenas algo que não é, fingindo ser. É pura dissimulação.

A verdade é que nossas coisas eternas são finitas. Elas não são apenas finitas. Elas também possuem um começo. O que é realmente eterno, está fora do tempo, não possui começo nem fim. O que começa sempre está imbuído da possibilidade de se findar. É por isso que amores eternos acabam. É por isso que amizades eternas acabam.

Como é curioso encontrar com alguém que foi seu melhor amigo durante muito tempo e ao olhá-lo nos olhos perceber que a pessoa que está diante de si é outra. É alguém que não mais se conhece. E perceber que também é outra pessoa o eu para quem o olhar desse outro se dirige. 

O tempo nos muda. O tempo nos cura. O tempo nos adoece. O tempo nos enobrece, nos envilece, nos acresce, nos decresce e nos destrói. O tempo acaba com nossas eternidades. O tempo acaba com nossas eternidades temporárias.
Ele mostra que elas nunca foram eternidades.

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