segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Água Viva

Ausência de fome. Não por plenitude. Não por saciedade. Simplesmente por ausência.
A boca amarga. Os rins sentem picadas. A cabeça dói. A alma chora.
Foi violentada. Vez após outra. Repetidamente.
Espancada. Cuspida. Estuprada.
Então ela chora. Chora na esperança de ser ouvida. Chora na esperança de ser salva.

Grito. Silêncio. Grito. Silêncio.
Ausência. Presença. Presença. Ausência.

Ir e vir. Empurrar e puxar. Dança descompassada.
Instrumento desafinado.

O sonho não mais vem, pois não há sono.
Permaneço a-cordado. Cansado. Desejoso de dormir, mas a-cordado.

A voz não sai da garganta seca. Preciso beber.
A sequidão não sai da vida seca. Preciso me molhar.

Vontade de me afogar. Me afogar em Água Viva até ficar encharcado.
Até deixar de ser seco.
Até voltar a viver.
Até lavar a alma.
E poder viver com calma.

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