quarta-feira, 20 de agosto de 2014

O Espaço e a Partida

Quando houve proximidade deu medo. 
Então houve o espaço. 
No princípio uma fenda. 
Depois uma passagem e, por fim, uma estrada. 

Quando o espaço se fez estrada a proximidade se fez partida. 
A partida foi caminho e quebra. 
Me fiz an-dança. 
Me fiz par-tido.

Andei e desandei por caminhos e descaminhos que às vezes nem sei. 
Em meu par-tido reconheci pedaços. 
Alguns deles continham laços e outros até mesmo nós. 
Em minha parte-ida conheci faltas e desconheci coisas das quais pensava algo saber.

Desconheço pessoas que um dia cuidei conhecer. 
Findaram-se amores que um dia jurei amar. 
Nasceram dores de onde um dia foi sonhar.

Se há saudade? Claro que há. 
Perguntei pro partido porque a saudade se dá.

Ele me disse que é porque onde um dia a alma repousa, é para onde quer voltar.

Como colar uma vez que me fiz par-tido? Como voltar quando a proximidade se faz parte-ida?
Como par-ar quando se acostuma a ser an-dança?


Não sei. Só sei que faço poesia.
Poesia não tem rosto nem dono. A não ser o rosto que se dá. A não ser o dono que se é.

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