Quando houve proximidade deu medo.
Então houve o espaço.
No princípio uma fenda.
Depois uma passagem e, por fim, uma estrada.
Quando o espaço se fez estrada a proximidade se fez partida.
A partida foi caminho e quebra.
Me fiz an-dança.
Me fiz par-tido.
Andei e desandei por caminhos e descaminhos que às vezes nem sei.
Em meu par-tido reconheci pedaços.
Alguns deles continham laços e outros até mesmo nós.
Em minha parte-ida conheci faltas e desconheci coisas das quais pensava algo saber.
Desconheço pessoas que um dia cuidei conhecer.
Findaram-se amores que um dia jurei amar.
Nasceram dores de onde um dia foi sonhar.
Se há saudade? Claro que há.
Perguntei pro partido porque a saudade se dá.
Ele me disse que é porque onde um dia a alma repousa, é para onde quer voltar.
Como colar uma vez que me fiz par-tido? Como voltar quando a proximidade se faz parte-ida?
Como par-ar quando se acostuma a ser an-dança?
Não sei. Só sei que faço poesia.
Poesia não tem rosto nem dono. A não ser o rosto que se dá. A não ser o dono que se é.
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