sexta-feira, 28 de março de 2014

Querença

Ultimamente tenho andado um indivíduo querente. Um indivíduo que quer. Para falar a verdade, sempre fui assim. É a querença que me move, que me impulsiona e me faz seguir. É esse tal de querer que me faz ainda mais querer. Essa coisa estranha chamada voluntas
É estranho querer.
Algumas das mentes mais brilhantes do mundo se debruçaram sobre a querença e descobriram que ela surge da carência. O desejo nasce da falta. A falta flerta com a pertença, copula com ela e concebe o desejo. A falta é aquilo que não é. A pertença aquilo que está sendo. O desejo, aquilo que quer ser. Na falta, há pertença ausente. Na pertença, há pertença presente. No desejo há falta presente e pertença ausente.
Uma vez existente, o desejo, como os demais seres vivos, quer sobreviver. Ele chora quando possui fome e não é ouvido. Grita desesperadamente, cada vez mais alto, até ser satisfeito. O desejo é voraz. No entanto, como parte constituinte do homem, necessita ser submetido, ser negado e às vezes adiado. Mas ainda assim, ele não aprende. O desejo é ignorante. Ou talvez, muito sabido.
Essa querença é estranha. Quer o que não tem e quando quer, cessa de querer só para poder querer mais.
Querença é fome. Querença é tesão. Querença é apetitite, é volitude incontrolável.
Querença é ato ou efeito de querer.
Querer é absurdo. 
Querer é estranho.
Querer é humano.

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