quarta-feira, 9 de abril de 2014

Algo Novo

O existente que caminha segue caminhando. Sua estrada se descortina enquanto caminha, mostrando bifurcações, abismos, pântanos, florestas, desertos, oásis, pousadas. Ele é um estranho. Já ouvira isso diversas vezes até então. E gosta de sê-lo. Ele segue em sua desarmonia harmoniosa. Em seu chaos ordenado.
Um pouco mais sensível a si ele cuida ser agora. Aprendeu um pouco mais a ouvir a si mesmo falando.
Seus pés às vezes parecem se mover sozinhos, como se soubessem onde querem chegar. Ele não precisa pensar onde quer ir. Todo movimento o impulsiona para lá. 
Enquanto caminha esquece-se de observar ao redor. Vive perdido nesse mundo entranhado debaixo da pele.
Os caminhos e descaminhos do seu existir têm-no feito crescer.
Há momentos em que ele se agrada do que vê no espelho. Há outros que ele não reconhece o rosto que o olho por detrás do reflexo.
Ele ainda está a procura de quem é.
No entanto, sabe que não é mais o mesmo. Sabe que é novo e velho. Velho e novo. Ele é algo novo.
Algo tosco, algo estranho. Mas algo seu. Não é o que os outros queriam que ele fosse. Não é o que muitas vezes ele queria ser.
Mas tudo bem. Ele é aceito. E sua realidade de ser aceito tal como é, faz com que ele se aceite. 
Ele é amado. Merecendo eterno desprezo, encontrou graça.
O caminhante sedento, o peregrino errante achou água. Fontes de Água Viva.
Água que não cessa.
Ele é estranho. Estranho e amado. Estranho e aceito. Ele é uma estranheza só.
E encontrou quem fosse mais estranho que ele. 
O Totalmente Outro.
O Totalmente Outro que é puro estranhamento.
O Totalmente Outro que o faz ser totalmente-si.

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