terça-feira, 16 de setembro de 2014

Aprender a Perder

Sempre gostei de ganhar. Ganhar nas partidas de futebol. Ganhar jogando vídeo game. Ganhar guloseimas, roupas, brinquedos, presentes, gestos de carinho. Ganhar afeto.
Ganhar é cômodo. É prazeroso. É "bom".

Perder, pelo contrário, sempre se revela uma tarefa difícil. Penosa. Dolorosa, até. Mas também acontece.
Talvez ainda mais que o ganhar.

Conforme vai-se avançando na estrada do existir e este vai se descortinando, começa-se a aprender a sutil arte de perder, a lidar com a derrota, com o fracasso, a decepção.
Como diz um certo autor que gosto muito: "o mundo não é uma fábrica de realização de desejos." Desde cedo nos deparamos com a perda. E fui descobrindo que, apesar de doloroso, perder é bom. Perder abre espaço. Espaço para que algo novo seja ganho. Talvez soe como frieza (e talvez para aprender a perder tenhamos que começar a perder calor), mas as coisas que perdemos, por mais importantes que sejam, perdem um pouco do valor com o passar do tempo.
Com o tempo se descobre que aquilo que era imprescindível, na verdade, era prescindível. Que apesar das perdas, continuamos a viver. 
Aprender a perder... Eis uma tarefa para toda uma vida. Vida essa que um dia também iremos perder.
Perder e ganhar andam de mãos dadas. Uma dialética bem expressa em: "se alguém quiser salvar sua vida perdê-la-á", pois a vida é o que acontece enquanto tentamos ganhá-la.
Perder é necessário. Perder é preciso.
Perder o rumo pode nos levar a lugares novos. Perder as certezas pode nos levar à descobertas.
Perder tempo pode ensinar a valorizar o tempo.

É preciso olhar a vida sempre com os dois olhos e não somente com um. 

Como diz a máxima nietzschiana: "Da escola de guerra da vida - o que não me mata, fortalece-me."

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